sexta-feira, 27 de maio de 2016

"COMO SE TODA EU" DE SUZAMNA HEZEQUIEL



COMO SE TODA EU
                   
mucosa – e a mucosa necessita de outra mucosa.
Para ela é uma questão de sobrevivência
; a subserviência ao princípio da desunidade, a carência,
a ausência alternada, a rotura primordial, a deslocação, a procura.

Quando um estímulo transita diretamente do cérebro para a mucosa,
sem interface na zona peitoral,
a pessoa converte-se numa mucosa de pouco mais de metro e meio,
como se na miragem não houvera consciência da emoção grosseira
e estritamente micénica
- por simetria ao grego de Homero –
; tão menos do sentimento, que acarreta informação lúcida
do antes, do durante e do depois da dita fricção.

É curioso quando a existência operativa da mucosa está circunscrita ao cérebro,
e imediações, por insuficiência venosa
; não raras vezes, com origem no próprio cérebro.

Então, nestes casos, o impulso, quando ensaia a descida, volta a subir
com a informação de avaria no sistema.

Sempre que circuita pelo coração, todavia, adquire centelhas magenta e verde
água elétricos
e a cabeça não permanece enredada no negrume do defeito,
estando apta a adentrar a Grande Mucosa, que é toda-ela-luminosa-e-enificadora.

Claro é, que, ao dizermos imagens, enunciamos sons e aromas, eventualmente,
apenas do próprio, com as suas pseudo-mucosas, também aptas ao amor oral.

Por outro lado, há as mucosas nasais, que não pertencem à NASA,
embora, por lá, também as haja.

A questão é

: o que germina, na interface dimensional, quando as duas mucosas mucosas
se friccionam até ao fim?

Hipótese a)

­: O princípio da evolução cósmica é, fatalmente, não uma,
mas, duas mucosas.

Hipótese b)

: para que ambas as mucosas executem o seu papel será sempre necessário um útero
infinitamente criativo e disponível.

Hipótese c)

A NASA continua a explorar o útero

In "Pudorgrafia" de Suzamna Hezequiel (1972-  )