sexta-feira, 27 de maio de 2016

TROVAS E CANÇÕES | RUI DE CARVALHO | 3 DE JUNHO | 22H00 | CASA DA CRIATIVIDADE



TROVAS E CANÇÕES
RUY DE CARVALHO
3 DE JUNHO | 22H| CASA DA CRIATIVIDADE
É um espetáculo inédito pela forma como reúne três gerações de atores e outros grandes profissionais, ao redor da figura de RUY DE CARVALHO. 


“TROVAS & CANÇÕES, Atores, Poetas e Cantores” é um espetáculo inédito pela forma como reúne três gerações de atores e outros grandes profissionais, ao redor da figura de RUY DE CARVALHO.
Não é o teatro apenas a estar presente, através dos desempenhos de JOÃO DE CARVALHO e HENRIQUE DE CARVALHO, filho e neto do ator, mas também a extraordinária voz da fadista e atriz ANA MARTA, Prémio Amália Revelação 2011, ao som da guitarra portuguesa de RICARDO GAMA e da guitarra clássica de JOÃO CORREIA.
Ainda há bilhetes disponíveis!
Adquira já a sua entrada!
Os bilhetes estão à venda na BilheteiraOnline (http://cmsjm.bol.pt/), na Casa da Criatividade, Paços da Cultura, lojas FNAC, CTT, Centro Comercial 8.ª Avenida (Worten), El Corte Inglês, Pousadas da Juventude, a linha 24h de reservas e informações 18 20 do MEO e os Quiosques Serveasy (novos locais).


"COMO SE TODA EU" DE SUZAMNA HEZEQUIEL



COMO SE TODA EU
                   
mucosa – e a mucosa necessita de outra mucosa.
Para ela é uma questão de sobrevivência
; a subserviência ao princípio da desunidade, a carência,
a ausência alternada, a rotura primordial, a deslocação, a procura.

Quando um estímulo transita diretamente do cérebro para a mucosa,
sem interface na zona peitoral,
a pessoa converte-se numa mucosa de pouco mais de metro e meio,
como se na miragem não houvera consciência da emoção grosseira
e estritamente micénica
- por simetria ao grego de Homero –
; tão menos do sentimento, que acarreta informação lúcida
do antes, do durante e do depois da dita fricção.

É curioso quando a existência operativa da mucosa está circunscrita ao cérebro,
e imediações, por insuficiência venosa
; não raras vezes, com origem no próprio cérebro.

Então, nestes casos, o impulso, quando ensaia a descida, volta a subir
com a informação de avaria no sistema.

Sempre que circuita pelo coração, todavia, adquire centelhas magenta e verde
água elétricos
e a cabeça não permanece enredada no negrume do defeito,
estando apta a adentrar a Grande Mucosa, que é toda-ela-luminosa-e-enificadora.

Claro é, que, ao dizermos imagens, enunciamos sons e aromas, eventualmente,
apenas do próprio, com as suas pseudo-mucosas, também aptas ao amor oral.

Por outro lado, há as mucosas nasais, que não pertencem à NASA,
embora, por lá, também as haja.

A questão é

: o que germina, na interface dimensional, quando as duas mucosas mucosas
se friccionam até ao fim?

Hipótese a)

­: O princípio da evolução cósmica é, fatalmente, não uma,
mas, duas mucosas.

Hipótese b)

: para que ambas as mucosas executem o seu papel será sempre necessário um útero
infinitamente criativo e disponível.

Hipótese c)

A NASA continua a explorar o útero

In "Pudorgrafia" de Suzamna Hezequiel (1972-  )

segunda-feira, 23 de maio de 2016

LANÇAMENTO DO LIVRO "PUDORGRAFIA" DE SUZAMNA HEZEQUIEL

Na passada 6ª feira, pelas 21h30, decorreu na Biblioteca o lançamento do livro "Pudorgrafia" de Suzamna Hezequiel, apresentado por Tiago Moita e a Dra. Irene Guimarães.

Marcaram presença o Vice-Presidente, Dr. Paulo Cavaleiro, a vereadora da Educação, Dra. Dilma Nantes, assim como alguns familiares, amigos e admiradores da escritora e poetisa.

"Pudorgrafia" já se encontra disponível na Biblioteca para empréstimo.

 
 
 
 
 
 
   
 
 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

LANÇAMENTO DO LIVRO "PUDORGRAFIA" DE SUZAMNA HEZEQUIEL (20 MAIO, 21H30)


Sinopse: Primeiro número da coleção "complexo de édito". Um livro de poesia disruptiva e muito visual onde a autora procura o sentido mais literal das palavras. Numa viagem lírica da subjetividade ao concreto.


O que se diz de "Pudorgrafia" de Suzamna Hezequiel?

"Com a poesia não se diz o concreto dos dias, nem as evidências, nem o lugar comum. Ela não transforma o mundo no imediato das revoluções. Inquieta.
Serve, com maior ou menor cuidado, para ilustrar o que nos é para além, o que nos ultrapassa e, apesar disso, nos é intrínseco.
Sobre as palavras, importa conter as próprias palavras, até porque, como neste livro, pudorgrafia, é pelo pudor com que se vestem, com que se combinam e como se desenham que se revelam e nos despem.
Este segundo livro da suzamna, agora editado pela Texto Sentido, é o lugar onde ela mesma se transforma, à medida que se diz e o vamos lendo, afirmando a impossibilidade de dizer de forma unívoca e a outra impossibilidade maior, a de guardar as palavras.
Porque a poesia também é paradoxo. E porque a poeta é a própria poesia."

Eduardo Leal

A FORÇA ESTRANHA DE UMA CORPOESIA
As sinestesias são sempre bem-vindas!
Excecionalmente, como é o caso em apreço, são mesmo bem-aventuradas, portadoras de epifanias transmutantes e de sintonias afeitas a concordiar os (pres)sentidos. Ao encetar a escrita deste expedito texto de avaliação a 'pudorgrafia', de suzamna hezequiel, me (ou)vi subitamente interpelado por uma outra "força estranha", cantada pela voz tamanha de Gal Costa.
Lendo nas horas precedentes os corpoemas do segundo livro de hezequiel, eu já me havia (pres)sentido sedutoramente submetido pela inapelável força estranha de uma corpoética pletórica, pujante, onde pulsa, indômito, rebelde, le sang d'un poète nas veias, artérias e capilares de uma cariátide botticelliana. Força estranha que incita a corpoetisa a entretecer, com palavras que acordam poliédricas, uma tapeçaria-mosaico no meio do caminho, hoje tortuoso, da poesia literária. Uma força, leia-se inspiração, que é estranha porque se origina nas entranhas do corpoético e se projeta, tal como fósforo-foguetão, palavra (ar)riscada e acesa, em direção ao campanário luminário das estrelas. Uma força que, nunca abdicando de ser estranha, por bom fim, em nosso corpo se entranha.
Confirmando os bons auspícios anunciados em 'paradox.sou' (2010), 'pudorgrafia' (2015) se metaforiza numa caixa de fósforos, que suzamna vai (ar)riscando e acendendo, sem ter medo do estranhamento venturosamente deflagrado por estes incandescentes pontos de lume, de luz de iridescente cor poesia.
Concebidos, escritos, editados no curso de um íntegro e integral pundonor autoral, estes vigorosos corpoemas, na aparência epidermicamente opacos são, na realidade, profundamente hialinos. Pudorgrafias que expõem estar a corpoetisa disponível para continuar a desafiar e a desafinar, com suas paradoxias ontológicas, "o coro dos contentes". Sim, o coro dos que se entregam, submissos, a exangue ortodoxia, a infértil heterodoxia de que enferma a poesia dominante no planeta.

Danyel Guerra


Quem é?

suzamna hezequiel (aka Suzana Guimaraens) nasceu no Porto em 1972 e vive em Vila Nova de Gaia.
Licenciou-se em Coimbra, em Línguas e Literaturas Modernas, lecionando há 20 anos. Professa, contudo, a máxima de Joseph Beuys: “cada homem é um artista”, deambulando, por essa razão, por distintas formas de expressão, no sentido da autodescoberta e da profunda exploração do Ser.
Editou três livros, entre a prosa poética, a poesia e o conto: “Sonho Partilhado” (2000), “paradox.sou” (2010) e “pudorgrafia” (2015). Dizedora (diseuse) em variados contextos poéticos, em Portugal e na Galiza, como são disso exemplo as "Quintas de Leitura" e o "Círculo Poético Aberto".
Explora, transdisciplinarmente, o teatro, a bijuteria artística, a fotografia, a dança e a pintura.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

"NASCIMENTO" DE MIGUEL TORGA






Nascem os homens como deuses pobres:
Nus e de um ventre que desesperou
De os guardar
Sagrados e secretos no seu lago.
Nascem disformes, sem nenhum afago
Da raiva desabrida que os expulsa
E das mãos aterradas que os recebem.
Bebem
O ar do mundo aos gritos.
Olham sem ver, e são
Surdos e transitórios mitos
Da nossa devoção.


in Diário VII, p. 203