quinta-feira, 24 de julho de 2014

José Gil premiado por livro sobre o tema dos heterónimos em Fernando Pessoa.

José Gil DANIEL ROCHA

José Gil distinguido com Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho

O livro de José Gil,  Cansaço, Tédio, Desassossego  (edição Relógio d’Água, 2013) foi distinguido com o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, promovido pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

A decisão, divulgada num comunicado da APE desta segunda-feira, foi tomada por um júri constituído por António Pedro Pita, Helena Vasconcelos e João Barrento (este tendo sido distinguido em 2011).

O prémio, no valor de 7.500 euros, vai ser entregue ao ensaísta, em Famalicão, em data ainda a anunciar.

Cansaço, Tédio, Desassossego é um livro composto por quatro ensaios sobre o tema dos heterónimos em Fernando Pessoa, um universo ficcional cujo centenário do “nascimento” foi assinalado este ano, aquando da passagem do “dia triunfal” de 8 de Março – relativo ao ano de 1914, aquele que Pessoa, segundo carta enviada a Adolfo Casais Monteiro, indicou como sendo a data precisa do nascimento dos heterónimos, através da figura de Alberto Caeiro.

Numa recensão crítica a Cansaço, Tédio, Desassossego publicada no suplemento Ípsilon, o crítico e colaborador do PÚBLICO António Guerreiro nota que, no seu livro, José Gil “vai mesmo directo à questão do que são os heterónimos ('Qual o estatuto – ficcional, literário, ontológico – de que gozam?'), mostrando que, em Pessoa, toda a passagem do plano da vida para o plano da literatura supõe a noção de 'vida heteronímica', constituída por afectos, visões, sensações, etc. E aí abre-se um vasto campo a explorar”.

No ainda curto historial do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, que é integralmente patrocinado pela Câmara de Famalicão, José Gil sucede a Rosa Maria Martelo, João Barrento, Manuel Gusmão e Vítor Manuel Aguiar e Silva, os anteriores distinguidos.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Fernando Guimarães vence primeiro Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes


«O poeta Fernando Guimarães venceu a primeira edição do Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes concedido pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara de Amarante.

O júri constituído por António Mega Ferreira, Fernando Martinho e José Manuel Mendes decidiu, por unanimidade, atribuir o galardão ao livro Os Caminhos Habitados editado pela Afrontamento.» Ler na Renascença.

«"Desde o título, este conjunto de textos regressa à energia dos tópicos nucleares do seu percurso, a habitação do ser, o saturnianismo dos dias, sempre elaborado com uma exigência formal e uma concisão e densidade raras na poesia portuguesa contemporânea", lê-se no texto elaborado pelo júri.

A primeira edição do Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes foi coordenada pela APE e patrocinada pela Câmara Municipal de Amarante e, "a título excecional, foram incluídas as obras saídas nos anos de 2011, 2012 e 2013".

Fernando Guimarães, de 86 anos, natural do Porto, é poeta, ensaísta, tradutor e foi já distinguido com outros dois galardões atribuídos pela APE, designadamente pelas suas obras O Anel Débil (1992) e Na Voz de Um Nome (2006).» Ler no iOnline.

«O valor deste Grande Prémio é no montante de € 12.500 (doze mil e quinhentos euros).» Ler  no Local.pt.
Fontehttp://blogtailors.com/fernando-guimaraes-vence-primeiro-7452477

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"Não gosto tanto" de Adília Lopes

Não gosto tanto 

Não gosto tanto
de livros
como Mallarmé
parece que gostava
eu não sou um livro
e quando me dizem
gosto muito de seus livros
gostava de poder dizer
como o poeta Cesariny
olha
eu gostava
é que tu gostasses de mim
os livros não são feitos
de carne e osso
e quando tenho
vontade de chorar
abrir um livro
não me chega
preciso de um abraço
mas graças a Deus
o mundo não é um livro
e o acaso não existe
no entanto gosto muito
de livros
e acredito na Ressurreição
dos livros
e acredito que no Céu
haja bibliotecas
e se possa ler e escrever.


(De Florbela Espanca Espanca, ou “Antologia”, pela Cosac&Naify).


terça-feira, 8 de julho de 2014

"IRA" DE AMALIA BAUTISTA






Ira

Ninguna más injusta por desproporcionada
que la ira de Dios
contra el gesto pueril de los amantes.
Sólo era una manzana
y el deseo de ser osados, libres, buenos.


Amália Bautista (1962- ) 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Panteão Nacional abre esta quarta-feira as portas à grandeza poética e cívica de Sophia


Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) entra esta quarta-feira no Panteão Nacional, quando se cumprem dez anos sobre a sua morte e se comemora o 40.º aniversário do 25 de Abril, esse “dia inicial inteiro e limpo”, como ela própria o descreveu naquele que é provavelmente o mais belo dos poemas dedicados à revolução dos cravos.

A ideia de trasladar os restos da escritora para o Panteão, na Igreja de Santa Engrácia, surgiu publicamente em Novembro do ano passado com um artigo que o escritor José Manuel dos Santos, ex-assessor cultural de Mário Soares e Jorge Sampaio, assinou no PÚBLICO. Ainda no final de 2013, por iniciativa dos deputados Marco Perestrello (PS) e Nuno Encarnação (PSD), a proposta chegou ao Parlamento, onde veio a ser aprovada por unanimidade em Fevereiro deste ano.




























Revolução

Como casa limpa 
Como chão varrido 
Como porta aberta 

Como puro início 
Como tempo novo 
Sem mancha nem vício 

Como a voz do mar 
Interior de um povo 

Como página em branco 
Onde o poema emerge 

Como arquitectura 
Do homem que ergue 
Sua habitação 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"