sexta-feira, 12 de julho de 2013

Poesia para todo o ano


CapaLivroPág.Crianças 6Julho


A poesia é anterior à própria escrita e nela a humanidade se exprimiu, desde tempos muito antigos, vindo depois a fixar em verso algumas das suas mais belas obras. Também para a criança a poesia é iniciática. Encanta-a a magia da palavra poética das rimas infantis mesmo antes de saber falar.”
É assim que Luísa Ducla Soares começa o seu prefácio a esta colectânea de poemas de autores portugueses, pensada para alunos do 1.º ciclo do ensino básico. Mas pode muito bem (e deve) ser lida fora da escola. A organização de Poesia para Todo o Ano é temática e a cada tema corresponde um ilustrador: poemas feitos de sons, letras e palavras; poemas simplesmente matemáticos; poemas para um corpo saudável e seguro; de valores e sentimentos; sobre nós e os outros; poemas de trazer por casa; para dias especiais; de tempos idos; da Terra e do Universo; da terra e do mar; dos seres vivos e, por último, poemas à volta de ideias e seres nunca vistos.
Há dois graus de dificuldade, assinalados com duas cores diferentes, isto para ajudar professores e educadores a adequar a escolha de leitura à maturidade da criança. A fechar a colectânea, o delicioso poema Coisas que não há que há, de Manuel António Pina. Um bom livro.
(Texto divulgado na edição do Público de 6 de Julho, na página Crianças.)

Deixamos aqui o poema de Manuel António Pina que encerra a colectânea.

Coisas que não há que há
Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia…

 Fonte: http://blogues.publico.pt/letrapequena/2013/07/08/poesia-sempre/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=poesia-sempre